terça-feira, 20 de agosto de 2013

Fotografia e o campo ampliado.

A discussão na terceira aula de Foto II girou em torno do texto de Rosalind Krauss  A escultura no campo ampliado.

Rosalind Krauss, em seu texto  publicado originalmente em 1979 pela revista October, propõe uma nova abordagem do espaço que ultrapassa radicalmente os limites da noção tradicional da escultura na produção artística tridimensional, como marco da passagem para a pós-modernidade. 

Abriu-se um novo campo de exploração,a partir de então, característico da produção escultórica modernista. Há a perda do lugar do monumento que absorve o pedestal para si e transforma-se em um marco sem lugar fixo, de significado e função variáveis. O monumento adquiriu neste momento, como define a autora, uma “condição negativa” .

“A respeito dos trabalhos encontrados no início dos anos 60, seria mais apropriado dizer que a escultura estava na categoria de terra-de-ninguém: era tudo aquilo que estava sobre ou em frente a um prédio que não era prédio, ou estava na paisagem que não era paisagem.” .

“... a escultura assumiu sua total condição de lógica inversa para se tornar pura negatividade,... deixou de ser algo positivo para se transformar na categoria resultante da soma da não-paisagem com a não-arquitetura ”.

Este campo de exploração da escultura esgota-se por volta de 1950. A partir do final dos anos 60 os escultores voltam suas produções para os limites externos destas “não” categorias que encaradas em seus opostos, recuperam sua forma positiva. A não-arquitetura é a paisagem e a não-paisagem é arquitetura .

As noções de paisagem e arquitetura se aproximam: “Labirintos e trilhas são ao mesmo tempo paisagem e arquitetura ”. Isto obriga a repensar o significado e a abrangência do termo escultura já que os lugares destinados a rituais nas antigas civilizações e os jardins japoneses, neste caso, também deveriam no passado ter sido incluídos nesta categoria. A não inclusão destaca a diferença entre as duas formas de produção. O termo escultura caracteriza um determinado tipo de expressão tridimensional que não deveria incluir os labirintos, e as trilhas, do mesmo modo que não incluíram os jardins japoneses e os locais de praticas de rituais.

A autora chama de campo ampliado a noção de espacialidade utilizada na produção artística, culturalmente já praticada no passado, porém inovadora dentro do campo da arte. Ela vê este momento como um ponto de virada no qual o modernismo, com a práxis definida pelo meio de expressão, é deixado para trás. Inicia-se o pós-modernismo interessado nas operações lógicas que incorporam a mescla de diversos meios .

No final dos anos 60 a combinação de paisagem e não-paisagem é muito utilizada pelos artistas. O termo site specific passa a ser empregado para classificar produções como a Spiral Jetty (1970) de Smithson, produções de outros artistas tais como Serra, Morris, Carl Andre e Christo. Os primeiros a se interessar pelo binômio arquitetura / não-arquitetura foram Robert Irwin, Sol LeWitt, Bruce Nauman, Richard Serra e Christo. A exploração do campo ampliado na passagem para o pós-modernismo trouxe uma ruptura tanto das práticas artísticas quanto dos meios de expressão .

Enquanto a escultura atuava no campo da representação e por isto necessitava impor uma distância entre ela e o público, sujeito e objeto não compartilhavam do mesmo espaço. O sujeito estava fora da obra. Já, no final dos anos 60, a necessidade de incluir-se dentro do trabalho de modo a experimentar uma vivência ao invés de permanecer no nível da representação, aproxima o indivíduo do espaço e da obra. Desde então, jardins japoneses e locais destinados a rituais passam a pertencer à mesma categoria ocupada pelas trilhas e labirintos apontados por Rosalind Krauss. Isto propicia uma multiplicação de instalações e vivências interativas com o público. 

 Depois de toda a discussão em torno desse texto o desafio da semana foi de fazer uma foto no campo ampliado. Bom, um desafio e tanto. A foto que acabei levando, e mostrarei aqui, não teve a ver com o campo ampliado. Pois campo ampliado é todo o trabalho artístico que tem várias linguagens, ou mais de uma linguagem. Exemplo: O que seria da Spiral Jetty (1970) de Smithson sem a fotografia? Nessa obra podemos ver mais de uma linguagem, pois Smithson utiliza-se de site-specific e da fotografia para registrar do alto e termos a noção da obra : 

Spiral Jetty from atop Rozel Point, in mid-April 2005.



  A foto que levei teve a ver com o trabalho que já estava pensando em desenvolver a 2 semanas antes. Ainda era um embrião, mas acabou ficando da forma que eu queria. Levei essa  pois era a minha proposta de trabalhar até o fim do período e eu já estava começando a montar um conceito em cima disso, e também  confesso que não consegui fazer uma foto no campo ampliado.  :( 







A minha intenção inicial é passar uma certa agonia/aflição para quem esta observando as minhas fotos. Geralmente uso baixa velocidade e faço com que o rosto da modelo fique desfocado ou meio encoberto, de modo que não der para identifica- la muito bem. Bom, começara aqui a nascer meu trabalho de fotografia. A partir daqui começarei a postar mais trabalhos e todo o conceito dele.

Até a próxima.

Fernanda.

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